Confesso que me incomoda profundamente o estado de letargia que observo nas empresas brasileiras. Enquanto gigantes como Microsoft e JPMorgan já executam reestruturações massivas baseadas em IA, nossos executivos ainda debatem se devem ou não "testar" alguma ferramenta de inteligência artificial. Esta postura contemplativa não é apenas arriscada – é potencialmente fatal.
O elefante na sala que todos fingem não ver
Vamos ser diretos: a próxima revolução não será apenas sobre automação de tarefas repetitivas. O verdadeiro divisor de águas será a capacidade das máquinas de compreender, prever e manipular emoções humanas com precisão superior à nossa própria percepção.
Não estou falando de chatbots que respondem "sinto muito pelo inconveniente". Refiro-me a sistemas que detectam micro-expressões faciais, monitoram dilatação de pupilas, analisam variações térmicas corporais e processam padrões vocais para determinar seu estado emocional real – não o que você diz sentir, mas o que seu corpo involuntariamente revela.
Isso me aterroriza e fascina simultaneamente. Como executivo que acompanha de perto esta revolução, vejo claramente que estamos diante de uma bifurcação histórica: ou dominamos estas tecnologias, ou seremos dominados por quem o fizer.
A ingenuidade que nos custará o futuro
O que mais me frustra em conversas com outros líderes empresariais é a ingenuidade com que tratam esta transformação. Muitos ainda acreditam que a IA emocional é "ficção científica" ou "coisa para daqui a décadas".
Permita-me dissipar este equívoco com dados concretos: 74% dos consumidores já afirmam que a IA com capacidade de entender e responder à sua voz melhoraria significativamente sua experiência. Não estamos falando de preferências futuras – é uma demanda atual que empresas visionárias já estão atendendo.
Quando Dale Carnegie escreveu "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas", ele codificou princípios de influência interpessoal que agora estão sendo algoritmizados (se é que esta palavra existe) e potencializados por sistemas capazes de aplicá-los com precisão milimétrica, adaptando-se em tempo real às respostas emocionais do interlocutor.
A questão não é se isso vai acontecer – já está acontecendo. A verdadeira questão é: de que lado da disrupção sua empresa estará?
O paradoxo ético que não podemos ignorar
Reconheço que há um dilema ético profundo nesta revolução. Como observador atento das transformações tecnológicas, não posso deixar de questionar: quando uma IA consegue identificar vulnerabilidades emocionais e explorá-las para aumentar vendas, estamos diante de um atendimento de qualidade superior ou de manipulação algorítmica?
Este é o tipo de pergunta que deveria manter executivos acordados à noite. Não porque tenha uma resposta simples, mas porque sua complexidade exige reflexão contínua e frameworks éticos robustos – que precisamos desenvolver enquanto implementamos estas tecnologias, não depois.
Como alguém que já testemunhou várias ondas de transformação (a digital, a ida para nuvem, a chegada da internet – melhor parara ou mostro a idade), tenho convicção: a ausência de uma estratégia ética não impedirá a adoção destas tecnologias – apenas garantirá que essa adoção ocorra de forma irresponsável.
Aos executivos brasileiros
Permita-me ser incisivo: sua empresa está preparada para um mundo onde seus concorrentes conseguem entender as emoções dos seus clientes melhor que você?
Enquanto você hesita, empresas visionárias já estão colhendo resultados impressionantes:
Estes não são números hipotéticos – são resultados reais de organizações que tiveram a coragem de agir enquanto outras contemplavam.
Em minhas interações com CEOs brasileiros, frequentemente ouço a mesma desculpa: "Precisamos ter cautela." Concordo com a cautela – discordo da paralisia. A experimentação estruturada que sempre defendi não é apenas uma metodologia – é um imperativo competitivo.
Como alguém que dedica sua carreira a ajudar empresas a navegar transformações tecnológicas, defendo um caminho que equilibre ousadia e responsabilidade:
Daqui a dois anos, você estará entre os pioneiros que moldaram esta revolução ou entre os retardatários lutando para sobreviver nela?
A história da transformação digital está repleta de empresas que subestimaram a velocidade da mudança e pagaram o preço da irrelevância. Me nego a citar exemplos, pois você já deve ter assistido mais de2 mil palestras falando deles.
A próxima grande disrupção não será apenas tecnológica – será emocional. E ela já começou.
Você pode não gostar desta realidade. Pode questionar suas implicações éticas. Pode até discordar da minha visão. Mas não pode ignorá-la.
A revolução da empatia artificial está redefinindo as regras do jogo. E como em qualquer revolução, não haverá espaço para espectadores – apenas para revolucionários e para aqueles que ficaram para trás.