“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.” O verso atravessou séculos porque fala de estrutura. No ciclo atual de IA generativa, a euforia por demos impressionantes encobre um ponto simples: inovação sem fundação vira custo recorrente. Hoje vemos empresas acelerando POCs, colando APIs de modelos e exibindo “ganhos” locais. Amanhã, quando o modelo troca, o prompt falha ou o dado some, a mesma solução “revolucionária” colapsa. O que separa eficiência episódica de vantagem competitiva é uma arquitetura que comece por baixo: pipeline de dados confiável, governança viva, plataforma de experimentação com critérios, infraestrutura elástica e, acima de tudo, liderança que sustente cultura e propósito.


Da parábola à prática de gestão

OKRs e KPIs nasceram para ancorar decisões a objetivos superiores. Em IA, o erro é começar pela ponta visível (o modelo) e relegar a base (dados, qualidade, dicionários, políticas). Em Competing in the Age of AI, quatro pilares formam o esqueleto: pipeline, algoritmos, experimentação e infraestrutura. Falta, porém, um quinto elemento que decide tudo: pessoas. Sem uma cultura que valorize ética aplicada, aprendizado controlado e disciplina de dados, qualquer ganho evapora. Thomas Davenport já havia cravado em Competição Analítica: não há competidor analítico sem patrocínio executivo explícito.

O CIO da Ford, Djalma Brighenti, descreveu o caminho que funciona: dicionarização de dados antes de projetos “sexy”. Sem glossário comum, campos padronizados e fontes integradas, IA vira colcha de retalhos. O efeito colateral positivo é maior do que parece: ao organizar a linguagem, a empresa treina músculo interno que nenhuma consultoria entrega de prontidão. Foi assim que inovações mais visíveis — manutenção preditiva, carro conectado, copilotos de engenharia — deixaram de ser vitrine e viraram produção sustentável.

Os dados de 2025 reforçam o alerta. Segundo a IDC, >70% das empresas com IA generativa não mensuram retorno financeiro claro; 41% apontam governança e clareza de propósito como barreira. Em contraste, quem construiu sobre rocha colhe frutos: Ford, NVIDIA, Nubank combinam disciplina de dados com gente capacitada e liderança presente. Não é coincidência: tratam dados e pessoas com o mesmo nível de investimento e respeito.


CEOs e IA

Os cinco alicerces de IA que não quebram com a maré

1) pipeline como produto
Colete, limpe, integre, catalogue e proteja. Defina SLOs de dados (cobertura, frescor, completude), lineage ponta a ponta e contratos de dados entre produtores e consumidores. 

2) algoritmos especializados, não messiânicos
O ganho relevante costuma vir de modelos ajustados ao problema e ao dado (padrões de fraude, crédito, recomendação). “Trocar tudo por um modelo novo” é receita para erro silencioso e custo crescente.

3) plataforma de experimentação com freios
Teste hipóteses com grupos de controle, critérios de promoção e equipe operacional. Faça do experimento um cidadão de produção: versionamento, reprodutibilidade, métricas de valor, logs.

4) infraestrutura elástica e observável
Automatize deploys, padronize telemetria, monitore latência, custo por decisão, erros de política e alucinação. Observabilidade não é luxo: é método científico aplicado ao ciclo de decisão.

5) pessoas e liderança
Sem patrocínio, IA vira laboratório permanente. Patrocínio não é um e-mail do CEO; são rituais (reviews, gates, A/B), carreira (trilha de produto/engenharia/dados), responsabilidade clara (quem decide, com quais riscos) e educação contínua.


Modelo operacional: do backlog à linha de receita

Priorize decisões onde há materialidade e recorrência: concessão/renegociação, prevenção a fraude, atendimento e cobrança, planejamento de estoque e preço dinâmico. Para cada caso, defina Métrica de Valor Primária (receita, custo, risco, NPS) e Métricas de Segurança (explicabilidade, fail-safe, saturação de recomendação).

Ciclo de 90 dias

  • 0–30 dias: inventarie fontes, padronize dicionários, ligue catálogo; escreva políticas como código.

  • 31–60 dias: pilote modelos/agentes com A/B; prenda telemetria e explicabilidade.

  • 61–90 dias: promova para produção com playbooks auditáveis (auto-hold, step-up, rerota), revisões quinzenais e relatório de valor.

KPIs que importam
Tempo de decisão, custo por decisão, aprovação saudável, perda evitada, tempo de verdade (alerta→ação→reporte), % de decisões com evidência completa, impacto em NPS. Contar chamadas ao modelo não é medir valor.


Armadilhas comuns: como areia escondida derruba casas bonitas

  1. Entusiasmo sem propósito: solução em busca de problema,prova de conceito virando sistema por pressão política.
  2. Dados órfãos: cada área “resolve” do seu jeito; depois ninguém reproduz nem audita.
  3. Efeito feitiço do modelo: trocar linguagem e quebrar integrações; custo explode.
  4. Governança de apresentação: comitês e PDFs sem execução; regra que a máquina não lê é opinião.

Como a MATH acelera a fundação

A MATH AI Platform foi construída para ser fundação antes de vitrine. Conecta dados on/off-chain com lineage e qualidade, orquestra modelos e agentes sob policy-as-code, oferece observabilidade multiagente (drift, alucinação, latência, custo, policy hits) e entrega explainability por decisão com trilha de auditoria. O resultado é simples: experimentos que viram produção sem trocar futuro por atalhos.


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Agende um diagnóstico de 30 minutos. Vamos mapear seus três casos de maior impacto para transformar IA em resultado com estrutura.

Marcel Ghiraldini
Post by Marcel Ghiraldini
Novembro 26, 2025
Chief Growth Officer na MATH