Renan Rios, superintendente de Planejamento e Gestão Comercial do Bradesco Seguros, revela como dados e inteligência artificial estão redefinindo o setor e exigindo disciplina, personalização e foco humano.

O setor de seguros em transformação

O setor de seguros é um dos mais tradicionais do mercado financeiro, mas hoje passa por uma mudança estrutural. A combinação entre dados, inteligência artificial e novas demandas sociais exige um redesenho completo de como produtos são oferecidos, intermediários são capacitados e clientes finais são atendidos.

No episódio 187 do #DoTheMATH, Renan Rios, superintendente de Planejamento e Gestão Comercial do Bradesco Seguros, compartilhou como disciplina, estratégia baseada em dados e tecnologia estão moldando essa transformação. O diálogo também trouxe reflexões sobre cultura, educação do mercado e o papel humano em meio ao avanço tecnológico.

 

A evolução do mercado de seguros

O mercado de seguros no Brasil é antigo e robusto, mas ainda apresenta baixa penetração em comparação a países desenvolvidos. Eventos recentes, como a pandemia, despertaram maior consciência sobre sucessão patrimonial e proteção da vida.

Esse movimento forçou o setor a repensar sua lógica, deixando de depender apenas da tradição para abrir espaço a novas formas de relacionamento, inovação em produtos e uso estratégico de dados.

Dados como pilar da estratégia comercial

O perfil do vendedor relacional e intuitivo, que durante muito tempo foi símbolo de sucesso no setor, já não é suficiente para atender às exigências atuais. Renan descreve que o novo modelo de atuação se baseia em disciplina, método e metas claras, sustentadas por indicadores bem definidos.

Para garantir consistência em escala nacional, o Bradesco estruturou um hub único de gestão, um verdadeiro cockpit comercial que centraliza informações e orienta a atuação dos 30 mil corretores da seguradora em todo o Brasil. Essa centralização cria padrões, mas também abre espaço para adaptações regionais, equilibrando eficiência com flexibilidade.

O papel dos intermediários

Corretores e agentes continuam sendo protagonistas na jornada do cliente, mas sob uma lógica renovada. Produtos mais simples exigem ferramentas de produtividade e suporte tecnológico, enquanto linhas complexas, como seguros agro ou de grandes riscos, demandam formação contínua, portfólios customizados e proximidade consultiva.

A seguradora, portanto, precisa equilibrar padronização estratégica com espaço para que cada intermediário traga seu “tempero” local, respeitando a diversidade de perfis e necessidades que compõem o mercado brasileiro.

Educação e cultura: ampliando a relevância dos seguros no Brasil

Entre os maiores desafios do setor está a questão cultural. No Brasil, poucas pessoas acordam pensando em contratar seguros. Essa realidade é perceptível em diferentes segmentos. O mercado de saúde suplementar, por exemplo, permanece estagnado há anos em torno de 50 milhões de beneficiários, sem crescimento real. Já o setor automotivo, embora avance em novos emplacamentos, não apresenta aumento proporcional de seguros.

Em contrapartida, os seguros de vida e benefícios têm registrado crescimento, impulsionado pela pandemia e pela maior conscientização coletiva sobre a importância da proteção. Isso evidencia que a expansão do setor depende não apenas de inovação em produtos, mas de campanhas educativas e de transformação cultural que ampliem a compreensão da sociedade sobre o valor do seguro.

Inteligência artificial e produtividade

Embora o tema inteligência artificial seja frequentemente cercado de expectativas e ruído, os ganhos práticos começam a se consolidar. Para Renan, a aplicação mais promissora está na produtividade da força de vendas, seja ao apoiar o corretor no contato com clientes, na geração de propostas ou na redução de tarefas burocráticas.

Outra frente importante é a personalização, na qual a inteligência artificial pode identificar padrões regionais, segmentar corretores e apoiar decisões comerciais mais assertivas. Ainda assim, ele ressalta que tecnologia sem capital humano não gera impacto real. A IA precisa estar integrada à estratégia, sustentada por dados organizados e pela disciplina operacional de quem executa

Estruturação comercial efetiva

Sustentar a transformação em uma empresa da escala do Bradesco exige mais do que boas intenções tecnológicas. Segundo Renan, disciplina é a métrica comportamental mais importante, até mais do que motivação momentânea.

A lógica que sustenta a operação parte de uma espinha dorsal estratégica, organizada em um ambiente único de gestão, que garante clareza de metas e consistência na execução. A disciplina garante que esse modelo seja replicado em diferentes contextos, enquanto um trabalho contínuo de campo, realizado por equipes chamadas de “missionários”, promove engajamento, coleta insights e retroalimenta a estratégia com práticas que funcionam no dia a dia.

Personalização e desafios regionais

O Brasil, pela sua dimensão continental, exige uma estratégia que combine escala e personalização. Os produtos são desenhados para grandes bases de clientes, mas recebem ajustes regionais que os tornam mais aderentes a cada realidade.

Essa abordagem garante que a seguradora atenda desde o público urbano até o agro, respeitando nuances culturais e econômicas sem perder a força de uma operação nacional.

Disciplina, dados e humanidade: o futuro dos seguros

O mercado de seguros brasileiro vive uma fase de hipercompetição. Em setores estagnados, só cresce quem consegue se diferenciar.

A visão de Renan Rios mostra que o futuro do setor depende da união entre disciplina, dados, inteligência artificial e foco humano. Mais do que vender produtos, trata-se de educar, engajar e amparar clientes em momentos críticos, transformando a relação entre seguradoras, intermediários e sociedade. É nesse equilíbrio entre método, tecnologia e humanização que o setor encontrará o caminho para crescer e gerar valor real

Time MATH
Post by Time MATH
Setembro 24, 2025
Método científico aplicado em Mídia, CRM, Marketing e Tecnologia.