DoTheMATH Blog

Construa sobre rocha: IA com propósito e governança

Escrito por Marcel Ghiraldini | 26/11/2025 20:33:50

“Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha.” O verso atravessou séculos porque fala de estrutura. No ciclo atual de IA generativa, a euforia por demos impressionantes encobre um ponto simples: inovação sem fundação vira custo recorrente. Hoje vemos empresas acelerando POCs, colando APIs de modelos e exibindo “ganhos” locais. Amanhã, quando o modelo troca, o prompt falha ou o dado some, a mesma solução “revolucionária” colapsa. O que separa eficiência episódica de vantagem competitiva é uma arquitetura que comece por baixo: pipeline de dados confiável, governança viva, plataforma de experimentação com critérios, infraestrutura elástica e, acima de tudo, liderança que sustente cultura e propósito.

Da parábola à prática de gestão

OKRs e KPIs nasceram para ancorar decisões a objetivos superiores. Em IA, o erro é começar pela ponta visível (o modelo) e relegar a base (dados, qualidade, dicionários, políticas). Em Competing in the Age of AI, quatro pilares formam o esqueleto: pipeline, algoritmos, experimentação e infraestrutura. Falta, porém, um quinto elemento que decide tudo: pessoas. Sem uma cultura que valorize ética aplicada, aprendizado controlado e disciplina de dados, qualquer ganho evapora. Thomas Davenport já havia cravado em Competição Analítica: não há competidor analítico sem patrocínio executivo explícito.

O CIO da Ford, Djalma Brighenti, descreveu o caminho que funciona: dicionarização de dados antes de projetos “sexy”. Sem glossário comum, campos padronizados e fontes integradas, IA vira colcha de retalhos. O efeito colateral positivo é maior do que parece: ao organizar a linguagem, a empresa treina músculo interno que nenhuma consultoria entrega de prontidão. Foi assim que inovações mais visíveis — manutenção preditiva, carro conectado, copilotos de engenharia — deixaram de ser vitrine e viraram produção sustentável.

Os dados de 2025 reforçam o alerta. Segundo a IDC, >70% das empresas com IA generativa não mensuram retorno financeiro claro; 41% apontam governança e clareza de propósito como barreira. Em contraste, quem construiu sobre rocha colhe frutos: Ford, NVIDIA, Nubank combinam disciplina de dados com gente capacitada e liderança presente. Não é coincidência: tratam dados e pessoas com o mesmo nível de investimento e respeito.

Os cinco alicerces de IA que não quebram com a maré

1) pipeline como produto
Colete, limpe, integre, catalogue e proteja. Defina SLOs de dados (cobertura, frescor, completude), lineage ponta a ponta e contratos de dados entre produtores e consumidores. 

2) algoritmos especializados, não messiânicos
O ganho relevante costuma vir de modelos ajustados ao problema e ao dado (padrões de fraude, crédito, recomendação). “Trocar tudo por um modelo novo” é receita para erro silencioso e custo crescente.

3) plataforma de experimentação com freios
Teste hipóteses com grupos de controle, critérios de promoção e equipe operacional. Faça do experimento um cidadão de produção: versionamento, reprodutibilidade, métricas de valor, logs.

4) infraestrutura elástica e observável
Automatize deploys, padronize telemetria, monitore latência, custo por decisão, erros de política e alucinação. Observabilidade não é luxo: é método científico aplicado ao ciclo de decisão.

5) pessoas e liderança
Sem patrocínio, IA vira laboratório permanente. Patrocínio não é um e-mail do CEO; são rituais (reviews, gates, A/B), carreira (trilha de produto/engenharia/dados), responsabilidade clara (quem decide, com quais riscos) e educação contínua.

Modelo operacional: do backlog à linha de receita

Priorize decisões onde há materialidade e recorrência: concessão/renegociação, prevenção a fraude, atendimento e cobrança, planejamento de estoque e preço dinâmico. Para cada caso, defina Métrica de Valor Primária (receita, custo, risco, NPS) e Métricas de Segurança (explicabilidade, fail-safe, saturação de recomendação).

Ciclo de 90 dias

  • 0–30 dias: inventarie fontes, padronize dicionários, ligue catálogo; escreva políticas como código.

  • 31–60 dias: pilote modelos/agentes com A/B; prenda telemetria e explicabilidade.

  • 61–90 dias: promova para produção com playbooks auditáveis (auto-hold, step-up, rerota), revisões quinzenais e relatório de valor.

KPIs que importam
Tempo de decisão, custo por decisão, aprovação saudável, perda evitada, tempo de verdade (alerta→ação→reporte), % de decisões com evidência completa, impacto em NPS. Contar chamadas ao modelo não é medir valor.

Armadilhas comuns: como areia escondida derruba casas bonitas

  1. Entusiasmo sem propósito: solução em busca de problema,prova de conceito virando sistema por pressão política.
  2. Dados órfãos: cada área “resolve” do seu jeito; depois ninguém reproduz nem audita.
  3. Efeito feitiço do modelo: trocar linguagem e quebrar integrações; custo explode.
  4. Governança de apresentação: comitês e PDFs sem execução; regra que a máquina não lê é opinião.

Como a MATH acelera a fundação

A MATH AI Platform foi construída para ser fundação antes de vitrine. Conecta dados on/off-chain com lineage e qualidade, orquestra modelos e agentes sob policy-as-code, oferece observabilidade multiagente (drift, alucinação, latência, custo, policy hits) e entrega explainability por decisão com trilha de auditoria. O resultado é simples: experimentos que viram produção sem trocar futuro por atalhos.

Conexões com o ecossistema MATH

Construa sobre rocha

Agende um diagnóstico de 30 minutos. Vamos mapear seus três casos de maior impacto para transformar IA em resultado com estrutura.